Um dos mais aguardamos filmes do gênero suspense/terror do ano estreou por aqui no mês de agosto e desde então vem lotando as salas de cinema de todo Brasil. A Hora do Mal, estrelado pelos brilhantes Julia Garner (Ozark) e Josh Brolin (Onde os Fracos não têm Vez, Oldboy – Dias de Vingança) já atraiu um grande público e segue com avaliação em alta em sites especializados de críticas, chegando aos incríveis 97% de aprovação no Rotten Tomatoe.
O filme conta a história de 17 crianças de uma mesma sala de aula desaparecidas misteriosamente em uma madrugada, todas as 2h17 da manhã. De todos os alunos da turma, apenas um não desaparece e ele afirma não saber o que aconteceu. A alegação faz com que as suspeitas caiam sobre a professora Justine Gandy (Julia Garner), que conta com um histórico conturbado e se torna alvo de alguns pais, especialmente de Archer Graff (Josh Brolin) que teve sua vida profissional e pessoal completamente abaladas pelo desaparecimento do filho. Ele tem certeza de que a professora está envolvida ou pelo menos sabe o que aconteceu com as crianças, mas está escondendo a verdade da polícia.
O começo do filme promete muito, ao mostrar as crianças desaparecendo na escuridão sem nenhuma explicação, o que cria uma atmosfera sinistra e gera expectativa de que será de tirar o fôlego do começo ao fim. Em seguida, a história é corretamente direcionada para a professora, com foco no seu comportamento um tanto quanto questionável fora da sala de aula, o que envolve desde problemas com álcool e envolvimento com um homem casado, contextos que reforçam as suspeitas de Archer e de outros pais.
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Desenrolar perdido
Apesar do começo arrebatador, ao optar por contar a história de diversos personagens separadamente, criando amarras entre eles por eventos em comum, o filme vai perdendo a força e se torna cansativo, com diversos pontos sem explicação ou sem relação com os fatos que abalaram a cidade. Como se já não bastassem as poucas cenas de tensão ou medo, o diretor ainda optou por inserir tons de comédia no decorrer do longa, cenas essas que desviam do proposito principal de suspense, tornando a obra cômica demais em certos momentos.
Com a chegada da “tia Gladys”, Amy Madigan (The Hunt e Espíritos Obscuros), já quase na metade do filme, a sensação é que os roteiristas vão retomar o suspense de volta e que finalmente o filme vai deslanchar e explicar, não necessariamente de forma racional, os eventos que fizeram com que as crianças desaparecessem em uma madrugada qualquer. Mas, apesar da aparência dela causar certo impacto, a chegada dela deixa mais perguntas do que respostas. Sua presença ainda causa algumas boas cenas de apreensão, o que é o esperado para um filme desse gênero, no entanto, Tia Gladys não consegue criar a atmosfera esperada de medo em volta de seu personagem. Tudo isso aumenta ainda mais a quantidade de buracos sem explicação, os motivos que levaram aos eventos ficam com explicações rasas e cheias de falhas e o final é “cômico” demais para o prometido.
Apesar da atuação brilhante de Julia Garner, vencedora de três prêmios Emmys por seu papel na série Ozark, e de Josh Brolin que entrega muito em todas as produções que participa, o que fica depois do filme é a pergunta: É esse o futuro dos filmes do gênero? “A Hora do Mal” é um filme confuso, cansativo, com final um pouco “sem pé nem cabeça”, como usamos na linguagem popular, que deixa bastante a desejar, mesmo sendo o queridinho do ano até aqui.
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