A Baleia: filme traz retrato da realidade de muitos em meio a arrependimentos e tentativa de redenção

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Ótimo drama psicológico concorre em três categorias do Oscar

Falar que "A Baleia" é um filme gordofóbico só porque a obra traz cenas, fortes para uns e um tanto quanto normais para outros, é ignorar a realidade de muitos que sofrem de obesidade e relativizar o verdadeiro preconceito sofrido por eles, que muitas vezes vem em forma de isolamento e abandono, fatores que passam longe do roteiro adaptado por Samuel D. Hunter de sua própria peça.

Seguindo essa lógica, programas como "Quilos Mortais" seriam gordofóbicos? Também não. Eles documentam a jornada de pessoas obesas que lutam para vencer a doença e assim retomar o controle de suas vidas. E é com essas palavras que podemos muito bem definir o filme de Darren Aronofsky.

Em "A Baleia", Charlie (Brendan Fraser) é um professor de inglês recluso, que luta contra a obesidade e sua obsessão severa por comer. Em suas aulas on-line, ele deixa a câmera desligada por medo e vergonha de sua aparência. Charlie é acompanhado e cuidado pela amiga e enfermeira, Liz (Hong Chau), mas mesmo assim, vive sozinho, carregando a culpa de ter abandonado a filha Ellie (Sadie Sink) quando ela tinha 8 anos de idade, deixando-a junto da mãe Mary (Samantha Morton), ao se apaixonar por um homem.

Na história, Charlie se deteriorou após a morte de seu parceiro, passando a comer compulsivamente ao mesmo tempo em que entra em depressão. Claro que essa não é a realidade de todos os que sofrem de obesidade, mas é a de uma boa parcela. Segundo a OMS, 30% dos 600 milhões de obesos que buscam tratamentos para emagrecer têm depressão ao longo da vida.

Esta foi, inclusive, a realidade enfrentada por Samuel D. Hunter. Em entrevista à Variety, o roteirista foi firme nas palavras sobre a abordagem do filme: "Para ser claro, esta não é uma peça sobre todos que lutam contra a obesidade. É como se apresentou em mim. Como a depressão se manifestou fisicamente em mim".

Entregue à doença, Charlie luta contra seus demônios internos causados pelo abandono da filha, hoje adolescente, ao tentar uma redenção diante do sangue de seu sangue. A história toda se desenrola dentro de seu apartamento, pois não consegue se locomover bem por causa de seus 270 quilos. E é com esta última frase que podemos muito bem definir o programa de TV "Quilos Mortais", entre outros que nos mostram a luta de quem sofre com obesidade. E foi isso que "A Baleia" fez.

O filme não trata de gordofobia, mas sim de uma reflexão para todos nós, da importância de sermos solidários com quem busca um autocontrole ou com quem ainda não foi capaz de perceber que precisa tê-lo. A redenção também está em quem se solidariza, até porque esta é uma das formas de se combater o preconceito.

Oscar 2023

"A Baleia" foi indicado ao Oscar em 3 categorias: Melhor Ator (Brendan Fraser), Melhor Atriz Coadjuvante (Hong Chau) e Melhor Maquiagem e Penteados.

Assista ao trailer

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