TASK prometeu muito, mas entregou mais do mesmo

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 Minissérie da HBO chegou cercada de expectativas, mas não fugiu dos clichês das produções policiais americanas

Anunciada com a promessa de apresentar um enredo diferente das inúmeras séries de investigação policial, TASK, produção da HBO, chegou cercada de expectativa. A minissérie pretendia discutir temas como os desafios enfrentados por trabalhadores dos subúrbios da Filadélfia, a desigualdade social que assola os Estados Unidos — a terra do “sonho americano” — e os dramas familiares de pessoas marcadas pela pobreza. Tudo isso mesclado ao foco principal: as investigações de uma força-tarefa do FBI liderada pelo agente Tom Brandis (Mark Ruffalo).

Com outros nomes de peso no elenco, como Tom Pelphrey (Ozark, Um Homem por Inteiro, Amor e Morte), TASK começa dando sinais de que cumprirá o que promete, explorando a realidade precária dos trabalhadores da coleta de lixo nos EUA. No entanto, rapidamente cai na armadilha do “mais do mesmo”, repetindo fórmulas já conhecidas das séries policiais do gênero.

A narrativa recorre a estereótipos desgastados e ultrapassados, tentando abordar a criminalidade de forma individualizada por meio de uma gangue de motoqueiros veteranos. Convenhamos, um estilo de vida que ficou nos anos 1980 — ou, no máximo, nas motociatas brasileiras de alguns anos atrás — e que já não representa o cotidiano do crime em lugar algum.

Os Black Hearts (Corações Negros, em tradução livre), como são chamados os motoqueiros, carecem de uma explicação clara para a própria existência. Novos personagens surgem a cada episódio, sem protagonismo definido, tornando a trama confusa e sem sentido em diversos momentos. Já na unidade especial do FBI, temas como corrupção são tratados como meros desvios morais, sem abordar o problema sistêmico dentro da polícia americana e de outras forças pelo mundo.

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Apesar das boas cenas de ação e perseguição, além das atuações intensas de Mark Ruffalo e Tom Pelphrey, parte do elenco é fraca, como é o caso caso da personagem Elizabeth Stover (Alison Oliver), que não convence ao tentar demonstrar sua vulnerabilidade durante as abordagens armadas e muito menos em seu relacionamento conturbado, que desaparece sem explicação.


Desenvolvimento complicado

Os dramas familiares, outro ponto prometido, também não são desenvolvidos de forma satisfatória especialmente no que diz respeito à vida pessoal de Tom Brandis. Após seis episódios, a história do filho do agente permanece superficial e sem conclusão, mesmo com sua importância para a trama. O vício em álcool de Tom é tratado apenas como falha de caráter, o que, somado à falta de aprofundamento familiar, deixa a narrativa ainda mais rasa.

Outro exemplo é o irmão de Robbie (Tom Pelphrey), que inicia a série já morto, mas continua tendo papel de destaque. Sua história é conduzida de maneira superficial e sem respostas básicas como quando, onde e por que foi assassinado e qual sua relação com a gangue, atrapalhando a compreensão de diversos pontos da história.

No fim, TASK é uma boa produção, com atuações sólidas e cenas bem executadas, mas que entregou mais do mesmo. A minissérie da HBO não conseguiu fugir de seus próprios estereótipos nem explorar temas como desigualdade e corrupção de forma sistêmica, limitando-se a apontar culpados individuais e perdendo a chance de propor uma crítica social mais profunda.

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