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Green Day fecha o The Town com show explosivo |
Com show mais curto da turnê latino-americana, banda californiana reforçou clássicos e recados diretos contra autoritarismo
O Green Day encerrou o segundo dia do The Town, neste domingo (7), em São Paulo, com um show curto, mas intenso, que emocionou o público presente no Autódromo de Interlagos. Com apenas 20 músicas no setlist — o menor da turnê pela América Latina — a banda entregou uma noite repleta de hits, energia e mensagens políticas afiadas.
Pontualmente às 23h15, o festival explodiu quando “Bohemian Rhapsody”, do Queen, ecoou nos alto-falantes, seguida por “Blitzkrieg Bop”, dos Ramones. O ápice veio quando os primeiros acordes de “American Idiot” incendiaram a plateia. A faixa, que destrói o sonho americano, ganhou ainda mais força com a atualização de Billie Joe: ao invés de “redneck agenda”, o vocalista cantou “MAGA agenda”, em crítica direta ao ex-presidente Donald Trump e seu lema “Make America Great Again”. Antes de seguir, o frontman ainda desejou: “Feliz Dia da Independência, Brasil”.
Na sequência, “Holiday” manteve o clima de protesto, com a troca de “Califórnia” por “São Paulo” no refrão, numa alfinetada ao governador Tarcísio de Freitas. Em 2022, no Rock In Rio, o cantor fez a troca por "Brasil", cujo presidente era Jair Bolsonaro.
O setlist seguiu com sucessos que atravessam gerações, como “Boulevard of Broken Dreams”, que iluminou o Autódromo, “Longview”, "Hitchin' a Ride" (com introdução de "Iron Man", do Black Sabbath), "Brain Stew" e “Welcome to Paradise”, além de novidades como “One Eyed Bastard”, do álbum Saviors (2024). Sinalizadores verdes e vermelhos foram vistos pela pista, em meio às rodas de bate-cabeça que também tomaram conta do ambiente.
Billie Joe mostrou carisma de sobra ao chamar uma fã para cantar “Know Your Enemy” no palco. O trio reforçou a força coletiva: Mike Dirnt interagiu constantemente com o público, Tré Cool arrancou risadas com caretas na bateria, e Billie manteve o público hipnotizado com seus pulos e danças em momentos como “St. Jimmy”.
"Dillema" segue à risca do último disco ao se encaixar perfeitamente entre faixas de outras épocas do Green Day. A dobradinha com "21 Guns" proporciona um momento de pura reflexão sobre lutas pessoais. Entretanto, os pensamentos são bruscamente interrompidos com o riff de "Minority", mais um clássico que manda um recado direto contra o autoritarismo, que colocou pra pular as cerca de 80 mil pessoas.
"Basket Case" e "When I Come Around" vêm para reforçar um set do qual todos reconhecem cada canção. "Letterbomb" traz novos recados de Billie: “Nós já estamos cheios desses políticos, desses bastardos fascistas. Então não queremos saber mais deles, não esta noite, não no Dia da Independência”, disse ao lembrar que na mesma noite tocaram Iggy Pop e Bad Religion.
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Capa do álbum "American Idiot" toma conta do palco |
O ápice emocional chegou com “Wake Me Up When September Ends” e o épico “Jesus of Suburbia”, que transformou o Autódromo em um coral uníssono. Já “Bobby Sox” reforçou a pluralidade da banda com mensagens inclusivas que receberam resposta calorosa do público. "D you wanna be my girlfriend?, Do you wanna be my boyfriend?, do you wanna be my best friend?", brincou Billie antes de iniciar a bela canção.
O encerramento veio em clima nostálgico com “Good Riddance (Time of Your Life)”, acompanhada por interações divertidas do trio no palco, incluindo Tré Cool arremessando o balde de baquetas vazio sobre a bateria. Foi o ponto final de uma apresentação que reafirma por que o Green Day é uma das maiores bandas do rock mundial.
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