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Diretor ficou conhecido pela defesa da democracia e por denunciar o autoritarismo em suas obras
Morreu nesta sexta-feira (5) pela manhã, um ícone da sétima arte brasileira. O diretor Silvio Tendler nos deixou aos 75 anos, vítima de uma infecção generalizada. Reconhecido nacionalmente por seus documentários, ele sempre trouxe reflexões sobre o Brasil, a democracia e os perigos autoritários que marcam a história do país.
Entre suas principais obras estão “Os Anos de JK – Uma Trajetória Política” (1980), filme que retrata a vida de Juscelino Kubitschek, um dos mais influentes políticos dos anos 1950 e 1960. O longa foi lançado quatro anos após a morte de JK, que ainda levanta suspeitas.
Outro marco foi “Jango” (1984), que apresenta o perfil de João Goulart, presidente derrubado pelo Golpe Empresarial-Militar de 1964. Exilado no Uruguai, Jango morreu em 1976 em circunstâncias suspeitas que também foram alvo de investigação.
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Em 2001, Tendler lançou “Marighella”, biografia de outra figura importante da política nacional. O filme retrata a vida do deputado, militante, guerrilheiro e vítima da ditadura militar. Já em 2014, dirigiu um de seus trabalhos mais impactantes: “Militares da Democracia – Os Militares que Disseram Não”. Com entrevistas, relatos e investigação profunda, o documentário resgatou a história de centenas de militares que se recusaram a apoiar o golpe de 1964, se colocaram à disposição de João Goulart na defesa da Constituição e, após o golpe, foram perseguidos, expulsos, torturados e mortos.
Outras obras de destaque incluem “Encontro com Milton Santos” (2006); “O Veneno Está na Mesa” (2011), que denuncia o impacto dos agrotóxicos na alimentação dos brasileiros; “Privatizações: A Distopia do Capital” (2014); o provocativo “Dedo na Ferida” (2017); e “Alma Imoral” (2019).
Seu último grande trabalho foi lançado em 2023: “Brizola – Anotações para uma História". Nele, Tendler narra a trajetória de Leonel de Moura Brizola, considerado por muitos um dos maiores brasileiros do século XX. O filme aborda desde a infância humilde no Rio Grande do Sul até a ascensão política, Prefeitura e Governo do Rio Grande do Sul, a liderança na Campanha da Legalidade de 1961, a redemocratização, a vitória ao governo do Rio de Janeiro e suas candidaturas à presidência nos anos 1990.
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O diretor era conhecido também como o "Cineasta dos sonhos interrompidos"
Tendler costumava afirmar que “no cinema faço política da melhor qualidade”. De fato, suas lentes mostraram a importância de revisitar a história e narrar com detalhes os acontecimentos que ajudam a entender o Brasil — um país marcado pela desigualdade e que ainda flerta com o autoritarismo.
Grande parte da obra de Silvio Tendler está disponível no YouTube e merece ser assistida e debatida, inclusive em escolas, como parte dos currículos educacionais.
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