Exposição Racionais MC’s segue em cartaz até o final de agosto

Foto: Jozzuu 

 Mostra que acontece no Museu das Favelas conta a história do icônico grupo de rap

Que os Racionais estão no “Hall da Fama” da música brasileira não restam mais dúvidas. Mas agora, além de conhecer as letras e beats de sucesso, é possível se aprofundar ainda mais na história do icônico grupo que revolucionou o movimento hip-hop nacional no Museu das Favelas, no Largo Pateo do Colégio, no centro de São Paulo. O local apresenta a exposição Racionais MC’s, que estava prevista para encerrar no final de maio, mas, devido ao sucesso e as mais de 80 mil pessoas que já passaram por lá, foi estendida para até o final de agosto.

Com a co-curadoria de Jairo Malta, o rapper Vitinho RB e André Camarante, a exposição foi premiada em 2024 pela APCA (Associação Paulista de Críticos de Arte) na categoria “Música Popular”. Também ganhou destaque a história da periferia paulista, sempre atrelada aos Racionais que nunca esconderam sua origem e fizeram o mundo conhecer o Capão Redondo, bairro da zona sul paulistana. O sucesso da mostra é também fruto da parceria entre a curadora Eliane Dias com a Boogie Naipe, marca e produtora musical de um dos integrantes do grupo, Mano Brown.

O Racionais MC’s surgiu no final dos anos 1980 logo após o fim da ditadura militar brasileira e tinha como principal bandeira denunciar a violência sofrida pelo povo negro e periférico, mesmo após o fim do regime. Com letras que apontavam para uma gritante desigualdade social e truculência policial, o grupo passou a ganhar grande notoriedade com os discos “Holocausto Urbano”, de 1990, e “Raio-X do Brasil”, de 1993. Mas foi em 1997, com o lançamento de “Sobrevivendo no Inferno”, e principalmente com a música “Diário de um detento”, que o grupo alcançou escalões até então não imaginados pelos próprios integrantes.

A canção, que denunciava o sistema carcerário e o “massacre do Carandiru” em 1992, ficou conhecida no Brasil e no mundo e teve seu clipe vencedor do “Video Music Brasil”, um dos principais prêmios da música Brasileira na época. A produção foi destaque em duas categorias: “Melhor clipe de rap” e “Escolha da audiência”. Além de “Diário de um dentento”, o disco emplacou outros sucessos como “Fórmula Mágica da paz”, “Capítulo 4, Versículo 3” e “Mágico de OZ”, dando o merecido reconhecimento a um dos maiores grupos de rap do mundo.

Em 2002 veio mais uma pedrada. O icônico “Nada como um dia após o outro” chegou com sucessos automáticos como “Vida Loka I” e “Vida Loka II”, o hit “Jesus Chorou” e um dos raps mais bem escritos da história brasileira, o hino “Negro Drama”, que denunciava de forma contundente o racismo estrutural que acompanha o Brasil desde sempre.

Em 2007 veio o primeiro DVD com o “1000 Trutas, 1000 Tretas”. Cinco anos depois, em 2012, o quarteto se aproximou ainda mais da política com o lançamento do single “Mil Faces de um Homem Leal”, composta para o documentário sobre a vida de um dos maiores nomes da luta contra a ditadura no Brasil, Carlos Marighella. Em 2014 foi lançado o sexto álbum do grupo, “Cores&Valores”, com músicas inéditas após 12 anos.

Já com décadas de estrada, em 2018, o álbum “Sobrevivendo no Inferno” foi selecionado como material para o vestibular da Universidade Estadual de Campinas, UNICAMP, por ser, segundo a instituição de ensino, de “diferentes gêneros e extensões, de autores das literaturas brasileira e portuguesa”.

Em 2022 aconteceu a primeira apresentação no festival Rock in Rio e, em 2025, os 4 integrantes, Mano Brown, Ice Blue, KL Jay e Edi Rock receberam o título de Doutor Honoris Causa, novamente pela UNICAMP. A honra foi concedida pelo Instituto de Filosofia e Ciências Humanas (IFCH), que reconheceu a importância intelectual, social, histórica e estética do grupo.

A extensão da data de encerramento da exposição é uma excelente oportunidade de conhecer os quase 40 anos do maior grupo de rap nacional, responsável por fazer as vozes da periferia chegarem aonde talvez nem mesmo os integrantes imaginassem. Racionais é história e já está enraizado para as próximas gerações do Brasil.

 

Serviço:

Entrada: Gratuita, necessário a retirada de ingresso antecipado no site ou na recepção do Museu, sujeito a disponibilidade para o dia.
Endereço: Largo Páteo do Colégio, 148 - Centro Histórico de São Paulo, SP
Funcionamento: Terça a domingo, das 10h às 17h (permanência até 18h)
Último dia: 31 de agosto de 2025

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