System Of A Down faz história com rock apocalíptico no Autódromo de Interlagos


 Banda fez o show mais longo da turnê e também o mais insano

Que o System Of A Down estava fazendo um show melhor que o outro na turnê "Wake Up", isso todos já haviam percebido. Parecia até mesmo uma questão de honra, não só para a banda, mas também para o público que sempre aumentava as expectativas para a apresentação seguinte. Qual será o setlist? Quais músicas vão entrar? Quais sairão? Vai ter mais sinalizadores? Mais gente cuspindo fogo? Essas certamente eram as perguntas de muitos, que se organizavam para que o show não ficasse apenas no palco, mas também na pista.

Anunciada após o grupo esgotar duas datas no Allianz Parque, a apresentação do Autódromo de Interlagos foi a última da tour, que passou por outros países da América Latina, como Colômbia, Peru, Chile e Argentina, e ainda Curitiba e Rio de Janeiro. E a responsabilidade pelo encerramento criou um certo "compromisso" em se fazer da despedida melhor do que qualquer outro show. E assim foi.

A maior capacidade do local foi um dos fatores determinantes para que o show tivesse um clima apocalíptico. Outro foram os fãs, que se organizaram nas redes sociais para que na pista houvesse ainda mais sinalizadores, foguetes e artistas cuspindo fogo que em outras datas. Veja como foi a apresentação do dia 10 de maio, a primeira da tour em São Paulo.

Serj Tankian, Daron Malakian, Shavo Odadjian e John Dolmayan entenderam o clima e desde o início transformaram palco e pista num único ambiente. A abertura com "X" não economizou energia e rodas de bate-cabeça iluminadas de vermelho por sinalizadores já estavam formadas.

O público não poupou empolgação e respondeu ao tamanho e história do System Of A Down, que havia se apresentado pela última vez no país em 2015. Talvez, por esse tempo de espera, e a angústia por shows da banda, cada pessoa pulou como se fosse a última oportunidade da vida de ver o SOAD ao vivo.

"Attack", "Suite-Pee" e "Violent Pornography" seguiram transformando o ambiente em "terra de ninguém", até que "Aerials" viesse com seu coro para mostrar que as pessoas ainda estavam conscientes da apresentação e a sincronia delas com o grupo.

O setlist seguiu com canções que se alternaram nos anteriores, mas que agora eram emendadas umas nas outras devido ao ritmo frenético do grupo, como "A.D.D.", "36", "Pictures", "Highway Song" e "Needles". Clássicos como "I-E-A-I-A-I-O", "Mr. Jack", "Soldier Side", a brutal "B.Y.O.B", "Hypnotize", "Chop Suey" e "Psycho" seguiram apoteóticas como sempre, elevando ainda mais a frenesi dos 70 mil presentes.

Mensagens políticas também foram dadas pelo público. Bandeiras da Armênia, de onde o quarteto tem origem familiar, foram erguidas como forma de apoio ao grupo no reconhecimento do genocídio armênio pelo Império Otomano, entre 1915 e 1923, que vitimou mais de 1,5 milhão de pessoas. 

Bandeiras da Palestina também foram vistas, como forma de apoio ao reconhecimento do território palestino e de repúdio ao massacre quem vem sendo cometido por Israel. Pelo Autódromo ainda ecoou o grito de "ei, Bolsonaro, vai tomar no c*" por duas vezes, a segunda antes do hit "Cigaro", música que também variou conforme as apresentações da turnê.

Um presente para os fãs, o setlist foi o mais longo de todos. Foram 38 músicas em 2h20 totalmente insanos. Mas o melhor, de algo que já estava perfeito, ficou para o final. "Toxicity" se tornou uma atração a parte ao longo da "Wake Up" e não poderia ser diferente na última vez em que seria tocada no continente.

Ao final de "Roulette" os espaços para os moshpits ficaram ainda maiores, bem como as expectativas para o momento mais do que especial. Bastou o primeiro acorde da música que dá nome ao segundo álbum da banda para que todos se entregassem ao máximo.

A quantidade de sinalizadores foi aumentando a cada segundo, saindo totalmente do controle de bombeiros e seguranças que tentavam apagar, visando ainda a segurança de todos. Em vão, pois o clima era realmente de fim de mundo, assim como nos filmes e séries de apocalipse, aonde cada sobrevivente dá o melhor de si para seguir com a história. Neste caso, para entrar para a história.

Na pausa da transição da canção após o segundo refrão, Daron Malakian tratou de pedir o fogo que os "fãs levam para os shows" e foi prontamente atendido. Assim como nas cenas de destruição protagonizadas pela sétima arte, o que se viu no local foi apenas fogo e fumaça, enquanto os fãs giravam com o guitarrista pedindo "everybody spinning around".

"Sugar" colocou um ponto final no momento histórico, mas não sem antes Daron lembrar seu fiel público que aquele era o último momento para curtir o System Of A Down. A agitação foi intensa, de fãs e banda, assim como no início da noite, uma prova da forte conexão entre ambas as partes e de que o rock ainda transcende limites.

Setlist System Of A Down - Autódromo de Interlagos

1. X

2. Attack

3. Suite-Pee

4. Prison Song

5. Violent Pornography

6. Aerials

7. Mr. Jack

(with 'Hezze' interlude)

8. I-E-A-I-A-I-O

9. Genocidal Humanoidz

10. A.D.D.

11. 36

12. Pictures

13. Highway Song

14. Needles

15. Deer Dance

16. Soldier Side - Intro

17. Soldier Side

18. B.Y.O.B.

19. Radio/Video

20. Bubbles

21. Dreaming

(breakdown only)

22. Hypnotize

23. ATWA

24. Bounce

25. Suggestions

26. Psycho

27. Chop Suey!

28. Lost in Hollywood

29. Lonely Day

(with WHAM!’s “Careless Whisper” intro)

30. Streamline

31. Mind

32. Spiders

33. Forest

34. Cigaro

(Dedicado à equipe da banda, gestão, promotores, equipe de segurança, segurança do local)

35. WAR

36. Roulette

37. Toxicity

38. Sugar

Postar um comentário

0 Comentários